Popularmente conhecida como “pressão alta”, a hipertensão arterial está relacionada com a força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular por todo o corpo.
Para chegar a cada parte do organismo, o sangue bombeado a partir do coração exerce uma força natural contra as paredes internas das artérias. Porém, quando acontece o estreitamento dos vasos, há a necessidade de o coração bombear com mais força para impulsionar o sangue e recebê-lo de volta.
A pressão varia ao longo do dia. Quando a pessoa está em repouso, ela fica mais baixa. Quando está em movimento, os valores sobem, porque o cérebro avisa que o corpo precisa de mais energia.
A pressão é apresentada em milímetros de mercúrio (mmHg). O indivíduo é considerado hipertenso quando sua pressão fica maior ou igual a 14 por 9 na maior parte do tempo. A partir desse limite, o risco de ocorrerem doenças cardiovasculares, renais, entre outras, é significativamente maior.
Para fazer a medição, é utilizado um aparelho chamado esfigmomanômetro, posicionado em volta do braço. O primeiro número é registrado no momento em que o coração libera o sangue. Essa é a pressão sistólica ou máxima, o recomendável é que não passe de 12 mmHg. O segundo valor é a pressão diastólica ou mínima, o ideal é que fique em torno de 8 mmHg. É o famoso 12 por 8.
Na maioria das vezes, a hipertensão arterial não tem uma única causa bem definida e também não dá sintomas, por isso, é considerado um inimigo invisível e uma doença silenciosa.
O que é pressão sistólica e diastólica?
O coração é a bomba que faz o sangue rico em oxigênio e nutrientes chegar a todos os órgãos e tecidos por meio das artérias e suas ramificações.
Quando o músculo cardíaco se contrai, movimento chamado de sístole – máxima, ele ejeta sangue com força para os vasos do corpo, exercendo pressão contra suas paredes. Em seguida, o sangue volta pelas veias, fazendo com que o coração relaxe e se encha de sangue novamente, movimento chamado de diástole – mínima.
É por isso que a aferição da pressão arterial envolve sempre duas medidas: a máxima (sistólica), exercida durante a batida do coração, e a mínima (diastólica), presente entre as batidas.
Este movimento de vai e vem, sem parar, é o que nos mantém vivos.
Fatores de risco da hipertensão arterial
A hipertensão normalmente é causada quando há uma resistência e endurecimento maior dos vasos sanguíneos para a passagem do sangue, gerando uma força maior do coração para o seu bombeamento.
Isso pode ser um processo natural do corpo, mas é aumentado com alguns dos fatores de risco que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles:
• Histórico familiar;
• Idade (a partir dos 60 anos de idade);
• Etnia (mais prevalente na população negra e asiática);
• Obesidade;
• Poluição;
• Estresse;
• Sono irregular;
• Menopausa;
• Excesso de bebida alcoólica;
• Tabagismo;
• Alto consumo de sal;
• Sedentarismo;
• Diabetes;
• Problemas renais;
• Apneia do sono;
• Hipertireoidismo;
• Alteração dos níveis de colesterol.
Sintomas da hipertensão arterial
A hipertensão é uma doença silenciosa, que só provoca sintomas em fases muito avançadas ou quando a pressão arterial aumenta de forma abrupta e exagerada. Algumas pessoas, porém, podem apresentar alguns sinais, como:
• Dor de cabeça;
• Falta de ar;
• Visão borrada;
• Zumbido no ouvido;
• Tontura;
• Dores no peito.
Como é feito o diagnóstico da hipertensão arterial?
Como a hipertensão arterial não costuma dar sinais, é fundamental medir a pressão pelo menos uma vez por ano. Nas consultas de rotina, seja com o clínico geral ou algum especialista, sempre informe se algum parente sofre desse mal, sobretudo se for o pai ou a mãe.
Para confirmar se uma pessoa possui pressão alta, a medição tem que ser feita em três dias diferentes, isso porque alguns pacientes podem apresentar valores altos apenas quando estão no consultório médico ou no hospital – o fenômeno é chamado “hipertensão do jaleco branco”.
Antes de cada medição, o indivíduo deve seguir algumas orientações, como evitar tomar café ou bebidas estimulantes, descansar bem e relaxar. Na hora do exame, não se deve conversar nem ficar se mexendo.
Esses cuidados são importantes para que o resultado seja o mais confiável possível. Caso ainda reste alguma dúvida, o especialista pode solicitar exames que medem a pressão arterial fora do consultório.
O rigor na medição ajuda ainda a identificar uma condição antes chamada de pré-hipertensão e agora rebatizada de pressão elevada. Entra nessa classificação quem estiver com a pressão acima dos 12 por 8 e abaixo dos 14 por 9, quando já se define a hipertensão propriamente.
Essa faixa intermediária, além de já causar eventuais problemas, revela que o indivíduo tem o dobro de risco de se tornar hipertenso. Quanto mais cedo essa ameaça é detectada, maior a chance de evitar que a doença se instale de vez.
Em mulheres grávidas, a atenção é ainda maior. Isso para impedir o aparecimento da pré-eclâmpsia. Trata-se de uma complicação da gestação marcada pelo aumento da pressão arterial na gravidez.
Exames para o diagnóstico da hipertensão arterial
O principal exame para identificar a hipertensão é a medida da pressão arterial feita em consultório.
Fora isso, outros exames podem ser feitos, tais quais:
• MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) – a pessoa fica com um aparelho que mede sua pressão por 24 horas.
• MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial) – a pressão é medida com o aparelho que você tem em casa.
Além disso, outros exames podem ser pedidos, principalmente se o paciente chegar ao médico com sintomas, para entender se a hipertensão já prejudicou algum órgão, como o coração.
Como é feito o tratamento da hipertensão arterial?
Uma pequena parcela de hipertensos consegue dominar a doença apenas com ajustes no cardápio, exercícios físicos e controle do estresse. Para tomar a decisão de não entrar imediatamente com medicamentos, o médico se baseia em bons resultados gerais de exames, como glicemia e colesterol, e se os rins estão funcionando direito.
A ausência de outros problemas cardiovasculares também é considerada. Pesa ainda o fato de a pessoa ser ou não fumante.
As avaliações são periódicas. Em geral, depois de seis meses ele vai medir a pressão novamente. Caso os valores tenham caído, é possível continuar nesse caminho, mas lembrando de que a doença não foi eliminada e que, portanto, é preciso manter os cuidados.
Caso a pressão continue subindo mesmo depois das mudanças no estilo de vida ou estabilize apenas em um patamar elevado, o especialista prescreve remédio para controlar a situação. Ele indica, entre as diferentes categorias de antihipertensivos, aquela que vai trazer os melhores resultados para cada caso.
Alguns são diuréticos, ou seja, eliminam o excesso de sódio pelo xixi. Outros atuam como vasodilatadores. Há ainda os que impedem a entrada de cálcio nas artérias, diminuindo a resistência para a passagem do sangue. E um dos medicamentos mais usados impede a produção de angiotensina, molécula que faz os vasos se contraírem e aumenta a pressão.
A hipertensão não tem cura, mas tem tratamento para ser controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor método para cada paciente, que depende das comorbidades e medidas da pressão.
É importante ressaltar que o tratamento começa com mudanças no estilo de vida, como fazer uma dieta saudável, não abusar do sal na comida, praticar atividade física regular, controlar o estresse, parar de fumar, moderar o consumo de álcool, evitar alimentos gordurosos, conter o diabetes e outras doenças ajudam muito no controle da hipertensão arterial.
Complicações da hipertensão arterial
Quando a pressão fica descontrolada, o coração é o órgão mais afetado. Como a circulação está prejudicada pelo aperto nas artérias coronárias, ele não recebe sangue e oxigenação suficientes. Um quadro que leva ao sofrimento do músculo cardíaco, podendo ocasionar o infarto.
O acidente vascular cerebral (AVC), o popular derrame, é outra consequência frequente da hipertensão. Com as constantes agressões da pressão, as artérias da cabeça não conseguem se dilatar e ficam suscetíveis a entupimentos. Os picos hipertensivos acabam servindo de estopim para um vaso ficar completamente obstruído ou então se romper.
Além do derrame, a pressão alta provoca uma série de pequenas obstruções e hemorragias no cérebro. Ao longo do tempo, esses episódios destroem os neurônios. O quadro é denominado demência vascular e leva à perda de memória.
Os rins também deixam de filtrar o sangue quando a hipertensão se instala por muito tempo e essa falha pode provocar insuficiência renal.
A pressão alta interfere ainda nos vasos que irrigam a retina, tecido no fundo do olho crucial para captação das imagens. É por isso que alguns hipertensos relatam sofrer de visão embaçada.
Como prevenir a hipertensão arterial?
Um estilo de vida saudável influencia muito na hipertensão arterial. Acabar com o sedentarismo e praticar atividades aeróbicas, como caminhar, correr e nadar, induz a liberação de óxido nítrico, substância vasodilatadora. Com as artérias relaxadas, a tendência é a pressão se manter mais baixa.
É verdade que, durante os treinos, é esperado que a pressão até suba um pouco. Daí porque hipertensos devem ter certos cuidados com os exercícios e buscar supervisão de um especialista na área. Mas logo depois os números se estabilizam.
A alimentação é tão importante na prevenção da pressão alta que há uma dieta específica para esse fim. É a DASH, sigla em inglês para “dieta para combater a hipertensão”, que se baseia em generosas doses de vegetais, frutas, legumes e grãos integrais no cardápio como forma de combater a elevação da pressão. São alimentos carregados de nutrientes, como potássio, cálcio e magnésio (minerais que regulam a contração dos vasos sanguíneos e do coração).
O consumo de sódio, por outro lado, deve ser moderado. Ele é o principal componente do sal de cozinha e exagerar na dose é um perigo. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é ingerir no máximo cinco gramas de sal por dia (equivalente a uma colher de chá).
Não fumar, não extrapolar na ingestão de bebidas alcoólicas e driblar a insônia são atitudes bem-vindas. É importante também arrumar uma brecha na agenda para incluir momentos de prazer capazes de aliviar o estresse do dia a dia, outro sabotador das artérias.
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