A endocardite surge normalmente quando bactérias circulam na corrente sanguínea e acabam se alojando em uma das válvulas cardíacas, multiplicando-se e formando o que é chamado de vegetação valvar.
A vegetação das valvas é um emaranhado de bactérias, glóbulos brancos, glóbulos vermelhos, fibrinas e restos celulares, que é capaz de destruir a própria válvula e impedir o normal funcionamento do coração.
A endocardite pode ocorrer em corações previamente saudáveis, mas ela é bem mais comum em pacientes com doença em uma ou mais válvulas do coração, ou em indivíduos que possuam dispositivos protéticos, principalmente válvulas cardíacas artificiais.
O que é endocardite?
A endocardite é uma doença que afeta o endocárdio, isto é, provoca a inflamação na membrana que reveste a parede interna do coração e as válvulas cardíacas.
A principal função das valvas cardíacas é impedir o refluxo de sangue de uma câmara cardíaca para outra. Por exemplo: o sangue que passou do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo já não volta mais para o átrio esquerdo porque a válvula mitral não permite. É por conta da ação das valvas que o sangue segue sempre em uma única direção.
Se for causada por um agente infeccioso, é denominada endocardite infecciosa; se o agente infeccioso for uma bactéria, o nome mais preciso é endocardite bacteriana.
Também é chamada de endocardite quando dispositivos protéticos no coração ficam infectados, tais como válvulas protéticas, marca-passos, desfibriladores implantáveis ou outros cateteres.
Quais são os tipos de endocardite?
A endocardite pode ser classificada, de acordo com a causa, em infecciosa ou não infecciosa:
- Endocardite infecciosa (bacteriana)
A endocardite infecciosa é uma doença grave, causada por micro-organismos que invadem a corrente sanguínea e se instalam em áreas danificadas do revestimento interno do coração (endocárdio), em válvulas cardíacas defeituosas ou com próteses instaladas e nas grandes artérias.
Embora num número bem menor de casos, a infecção também pode ser provocada pela entrada de fungos e vírus no organismo. A grande maioria ocorre quando bactérias de gravidade variada, presentes em outras regiões do corpo, conseguem penetrar na corrente sanguínea (episódio conhecido por bacteremia) e se fixam no coração. Daí o nome endocardite bacteriana pelo qual a doença também é classificada.
No local, esses micro-organismos patogênicos se multiplicam e surgem vegetações, que podem destruir a válvula e comprometer o funcionamento do coração, que passa a ter grande dificuldade para bombear o sangue.
A endocardite bacteriana pode ser classificada em aguda, de início súbito e evolução rápida, ou subaguda, de evolução mais lenta e causada por outros tipos bactérias. - Endocardite não infecciosa
A endocardite não infecciosa, também chamada de endocardite trombótica não infecciosa, é uma doença de baixa incidência, provocada pela formação de vegetações únicas ou múltiplas, mas não infectadas, nas válvulas cardíacas e no endocárdio adjacente, como manifestação secundária de diferentes problemas de saúde.
Por exemplo: doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico (endocardite de Libman Sacks), febre reumática, traumas físicos, câncer de pulmão, estômago e pâncreas, tuberculose e pneumonia são ocorrências capazes de produzir lesões nas válvulas do coração, que favorecem a formação de trombos e podem afetar órgãos à distância.
Como surge a endocardite?
O sangue humano é habitualmente estéril, ou seja, não contém germes circulantes. Quando bactérias alcançam a corrente sanguínea, é comum dizer que o paciente tem uma bacteremia.
A bacteremia pode surgir sempre que o indivíduo tiver uma infecção, principalmente se for de algum órgão interno, como pulmões, rins, articulações, intestinos, etc. Infecções graves da cavidade oral e da pele também são fontes frequentes de bactérias no sangue.
Esse é um evento essencial para o surgimento da endocardite, sendo um dos principais motivos pelo qual não se deve atrasar o tratamento de infecções, sejam elas dentárias, na pele ou em qualquer outra parte do corpo.
Quanto mais tempo uma infecção existir, maior será o risco de esses germes alcançarem a circulação sanguínea. Uma vez no sangue, as bactérias podem se deslocar para qualquer parte do organismo, incluindo as válvulas cardíacas.
É importante destacar que a bacteremia é um fator necessário para ocorrer a endocardite. Porém, nem toda bactéria que circula no sangue se aloja no coração.
Quais são as causas da endocardite?
A endocardite acontece quando germes entram na corrente sanguínea, viajam até o coração (normalmente com alguma condição de saúde pré-existente) e se ligam às suas válvulas ou tecido.
Na maior parte dos casos, a infecção é causada por uma bactéria, mas fungos ou outros microrganismos também podem ocasionar a doença. Normalmente, o agente infeccioso entra na corrente sanguínea através de:
• Atividades como escovar os dentes ou mastigar alimentos, especialmente se os dentes e gengivas não são saudáveis;
• Áreas com infecções, seja uma infecção de pele, intestino ou até uma doença sexualmente transmissível;
• Cateteres ou agulhas;
• Procedimentos dentais, como os que causam cortes nas gengivas;
• Procedimentos respiratórios que envolvam incisão ou biópsia, como broncoscopia com biópsia, remoção de amígdalas ou adenoides;
• Procedimentos gástricos e urinários, além do uso de instrumentos para observar o interior da bexiga ou do intestino.
Quais são os fatores de risco da endocardite?
Pessoas com problemas nas válvulas cardíacas, válvulas artificiais no coração, defeitos congênitos, doença cardíaca estrutural e histórico de endocardite anterior, além de cáries e problemas nos dentes e gengivas, ou com histórico de uso de drogas injetáveis são mais propensas a desenvolver endocardite.
Sinais e sintomas da endocardite
Muitos dos sinais da endocardite são semelhantes aos de outras doenças. A intensidade e frequência podem variar de uma pessoa para outra. Geralmente, os principais sintomas são:
• Aparecimento de um sopro cardíaco novo ou alteração no som de um sopro já instalado;
• Febre alta, calafrios e suores noturnos;
• Inchaço nos pés, pernas e abdômen;
• Fadiga intensa;
• Falta de ar;
• Dor nos músculos, articulações e peito;
• Perda de peso e inapetência;
• Aumento do baço (esplenomegalia);
• Pequenas manchas vermelhas ou arroxeadas na pele e no branco dos olhos (petéquias);
• Nódulos macios nas pontas dos dedos das mãos e dos pés (nódulos de Osler);
• Áreas de sangramento não dolorosas nas palmas das mãos e nas plantas dos pés (lesões de Janeway);
• Hemorragias na retina e nos olhos (manchas de Roth).
Diagnóstico da endocardite
O diagnóstico da endocardite bacteriana se baseia no exame físico, no levantamento do histórico clínico e na avaliação dos sintomas que o paciente apresenta.
A hemocultura é um exame de sangue que tem se mostrado indispensável para identificar o tipo de bactéria responsável pela infecção e orientar o tratamento.
Outro exame importante é o ecocardiograma. Por meio de ondas sonoras, ele permite construir imagens do coração, reproduzindo as condições em que se encontram as válvulas cardíacas e reconhecendo a presença de vegetações, se houver.
O ecocardiograma habitual, chamado ecocardiograma transtorácico, pode ser usado inicialmente, mas ele não é melhor método para o diagnóstico da endocardite, pois algumas vegetações menores podem passar despercebidas.
Assim, o exame mais indicado é o ecocardiograma transesofágico, feito por via endoscópica, que apresenta as melhores imagens das válvulas do coração.
Tomografia computadorizada e ressonância magnética são outros exames de imagem que, em determinadas circunstâncias, podem ser úteis para o reconhecimento das vegetações características da endocardite bacteriana.
Complicações da endocardite
Se não for reconhecida e tratada a tempo, a endocardite bacteriana costuma destruir a válvula cardíaca acometida, levando o paciente a um quadro de insuficiência cardíaca aguda e grave. Além dessa condição, a endocardite também pode causar outras graves complicações, tais como:
- Embolia séptica
Coágulos de sangue misturados com vegetações podem se desprender da válvula doente e viajar para diversas partes do corpo. Esses pedaços de vegetação que se soltam são chamados de êmbolo séptico.
Os êmbolos costumam causar infarto nos tecidos onde eles ficam impactados. São comuns as isquemias nas extremidades dos membros, rins, olhos e baço. Nas endocardites do lado direito do coração, os êmbolos costumam se alojar nos pulmões, provocado uma embolia pulmonar. - Complicações cerebrais
No caso das endocardites do lado esquerdo do coração, o cérebro é um dos destinos possíveis desses êmbolos que saem das valvas infectadas.
AVC por embolia, hemorragia intracerebral e abcesso cerebral são complicações cerebrais possíveis da endocardite. - Infecções metastáticas
A infecção do coração pode se espalhar por outros órgãos, em um processo chamado de infecções metastáticas. As mais comuns na endocardite são a osteomielite vertebral, artrite séptica, abscesso esplênico ou abscesso do músculo psoas.
Tratamento da endocardite
A recomendação é que o tratamento da endocardite bacteriana comece tão logo surja a suspeita da infecção. Ele deve ser realizado em ambiente hospitalar, uma vez que exige a indicação de doses altas de antibióticos por via endovenosa durante, no mínimo, quatro semanas.
A escolha do antibiótico adequado depende do tipo de bactéria alojada nas válvulas.
O objetivo maior é evitar lesões nas válvulas cardíacas e complicações da doença que podem ter consequências irreparáveis. Por isso, enquanto os testes de hemocultura não forem conclusivos, serão prescritos antibióticos de amplo espectro, aqueles capazes de cobrir o maior número de bactérias suspeitas.
Quando não for possível controlar a infecção a tempo de evitar danos às válvulas, a cirurgia pode ser um recurso para corrigir o defeito e melhorar a função cardíaca, com a implantação de uma válvula artificial.
Como prevenir a endocardite?
Atualmente, a indicação de antibióticos profiláticos fica reservada para pacientes portadores de fatores de risco para endocardite bacteriana apenas antes de determinados procedimentos.
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